Sobram predicados para falar de Lino Villaventura. No entanto, deve-se tomar cuidado para concatenar tantos deles com a mesma harmonia com que o estilista encadeia seus bordados, cores e formas.
Norteado pelo trabalho do irlandês Francis Bacon, o paraense Lino Villaventura apresentou uma coleção invernal intensa e explosiva, assim como o trabalho do pintor.
O clima do desfile começa sôfrego, pungente e vai caminhando, ganhando pujança, até tomar ares majestosos, sacros. As nervuras, plissados e trabalhos artesanais, marcas do trabalho do estilista sublinham a coleção. Os volumes são abundantes e são sustentados por tecidos rijos como gabardine e jacquard de lã. Capas e tecidos soltos, pedrarias faustosas e brilhos evocam nas peças uma teatralidade que é intrínseca ao fazer de Lino. Suas modelagens nada óbvias criam novos formatos e conferem força às peças.
Elas vestem capas suntuosas, vestidos de saias fartas e transparências ocasionais. Destaque para os luxuosos e exóticos vestidos justos encrustados de pedrarias. A moda deles é mais discreta e se faz com malhas, calças folgadas e nesgas esvoaçantes.
Na paleta, preto, branco, bordô, ocre vermelho sangue e um tom avermelhado que se assemelha ao usado por Bacon em suas telas.
Ovacionado em pé pela plateia, até os fotógrafos cessaram seus cliques para aplaudir o criador.
||Laís Souza, Postadora||
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