Teatral, espetacular, exuberante, seja qual for o adjetivo empregado para descrever o trabalho de André, nenhum deles se equipara ao mais importante deles: Nacional. O paraense apresentou um inverno de cartela mais contida, roxo, dourado, laranja, amarelo – cores discretíssimas em comparação com os usuais verde limão, rosa e outros tons gritantes.
Na medida do possível, a mulher proposta por André é mais sóbria esta temporada. Alterna os intensos vestidos longos com pantalonas altas e terninhos que podem tranquilamente sair da passarela para dar mais vida e exuberância a um vestido básico e clássico. Os recortes têm papel fundamental na coleção e lembram pinturas indígenas. O efeito é potencializado pelas listras do tecido. É possível arriscar também que nesse trabalho de recortes e listras haja uma pontinha de “Art Déco paraense”. Há vestidos mais vaporosos, confeccionados em chiffon e adornados com jabôs mil.
André é daqueles que fazem mais reluzente – literalmente – a moda nacional. O estilista apropria-se de aspectos da cultura popular que o senso comum, muito ignorantemente, taxa de “cafona”, como os brilhos, os exageros e, nesta temporada em especial, os desenhos indígenas, e abraça tudo isso afetuosamente.
Um encerramento de temporada brasileiro.
||Laís Souza, Postadora||
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