O tema da coleção do estilista mineiro, João Pimenta, o Steampunk é um subgênero da ficção científica ou ficção especulativa. Trata-se de obras ambientadas no passado, ou num universo semelhante a uma época anterior da história humana, no qual os paradigmas tecnológicos modernos ocorreram mais cedo do que na historia real, mas foram obtidos por meio da ciência já disponível naquela época. É um estilo normalmente associado ao futurista cyberpunk. O tema foi generosamente explorado em looks que remetem ao século 19, mas com uma leitura bem contemporânea.
A coleção é bem dark, com tecidos pesados e alguns contrastes de cores todas escuras. As modelagens e formas são todas retro, mas a tecnologia da confecção dos tecidos é moderna. Tecidos resinados, lãs pesadas tecidas artesanalmente, e linho na alfaiataria. A manufatura dos materiais foi fator importante para o resgate de uma brasilidade, presente nos tecidos feitos para esta coleção.
‘Todo príncipe tem um monstro dentro de si’. A brincadeira de Pimenta foi ‘trazer para fora este monstro interiorizado. As máscaras meio venezianas meio fetichistas, as saqueiras, grandes golas e botas de cano longo pesadas davam peso às criações e remetiam a este universo meio Mad Max, meio Van Helsing (só para ficar nas referências cinematográficas mais imediatas).
A valorização de um homem que preza o exclusivo é outro foco do estilista. O homem de Pimenta é moderno e retrô, masculino e feminino, mas nunca conservador. É ousado nos shapes. Cinturas altas e muitas pregas que remetem a plissados. Entre as peças saias longas masculinas, blazers, jaquetas, coletes, sobretudos, calças de lã e couro, alguns resinados, e detalhes em shantung. Nas estampas xadrezes e algumas listras. Botas marrons e pretas.
Uma coleção bem coesa, e que cumpre o que promete: remete-nos a um passado já um pouco distante, mas nos dá uma leitura bem contemporânea destes príncipes cheios de dualidades: bem e o mal, masculino e feminino, heróis e vilões, cavalheiros e fetichistas.
||Laís Souza, Postadora||
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